terça-feira, 28 de agosto de 2007

Impressões sobre solidão

Quando me sinto só
Sabe-me a boca a fado
Lamento de quem chora
A sua triste mágoa
Rastejando no pó
Meu coração cansado
Lembra uma velha nora
Morrendo à sede de água.
P’ra que não façam pouco
Procuro não gritar
A quem pergunta minto
Não quero que tenham dó
Num egoísmo louco
Eu chego a desejar
Que sintas o que sinto
Quando me sinto só!

Artur Ribeiro

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Impressão sobre despedida



Duas lágrimas de orvalho
Caíram nas minhas mãos
Quando te afaguei o rosto
Pobre de mim pouco valho
P’ra te acudir na desgraça
P’ra te valer no desgosto
Porque choras não me dizes
Não é preciso dize-lo
Não dizes eu adivinho
Os amantes infelizes
Deveriam ter coragem
Para mudar de caminho
P’lo amor damos a alma
Damos corpo damos tudo
Até cansarmos na jornada
Mas quando a vida se acalma
O que era amor é saudade
E a vida já não é nada!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Impressões sobre palavras

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill